marmelo do mato

A prospecção de plantas medicinais tem despertado grande interesse pela possibilidade de descoberta de novos compostos bioativos, a fim de originar, por exemplo, fitoterápicos, medicamentos semi-sintéticos e derivados de produtos naturais, com reduzidos efeitos colaterais comparados às drogas sintéticas. O conhecimento etnofarmacológico potencializa essa busca, juntamente com estudos químicos e farmacológicos. Embora se note crescente demanda no mercado de fitoterápicos, este tem sido atendido, na maioria das vezes, com matéria-prima sem padronização e, ainda, fruto do extrativismo sem critérios. Daí, a necessidade de gerar tecnologias de produção da matéria prima vegetal e de procedimentos extrativos sustentáveis.

Em Mato Grosso do Sul, estão sendo estudadas, do ponto de vista agronômico, químico e farmacológico, espécies medicinais nativas, dentre elas a Alibertia edulis (L.C. Rich.) A.C. Rich., popularmente conhecida como “marmelada-bola”, “marmelo do Cerrado” e apuruí. A planta pertence à família Rubiaceae, a mesma do café, sendo nativa e bastante frequente no Cerrado brasileiro.

marmelo do mato

Um grupo de pesquisa da Universidade Federal da Grande Dourados, da Faculdade de Ciências da Saúde, sob orientação da professora doutora Maria do Carmo Vieira e outros colaboradores, têm estudado a planta e encontrado resultados promissores que confirmam a indicação etnofarmacológica. Popularmente, as folhas são utilizadas para controle da hipertensão arterial, hiperglicemia e com atividade antioxidante, efeitos esses que estão sendo confirmados nos trabalhos científicos.

Em sua composição química, foram detectadas e isoladas substancias como iridóides, saponinas, flavonoides e alcaloides, sendo que essas substâncias podem estar envolvidas nas atividades biológicas evidenciadas, como também as destacadas no conhecimento popular.

A espécie produz frutos o ano inteiro. Por isso, além do uso medicinal das folhas, os frutos têm utilidade na alimentação, por serem saborosos, de polpa parda, podendo ser consumidos in natura ou para preparar sucos, refrescos, ponche, geléias e doces. O sabor do refresco, para alguns, lembra o de tamarindo e, para outros, de pêra. A parte escura e viscosa dos frutos, pela presença de pectina, talvez também possa ser usada para o “enchimento” de outros doces. A polpa pode ser conservada congelada por muito tempo. A semente torrada é usada para substituir o café e o fruto pode ainda ser dado ao gado como fonte de alimento. Observou-se, também o consumo das folhas por bovinos.

O fruto e a raiz são indicados para uso em casos de pneumonia. O xarope dos frutos é de uso comum na Amazônia. Os frutos macerados são estomáquicos. São também usados contra a catapora. Índios “cuna” colocam casca do puruí em água fria para fazer uma bebida lactagoga.

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